Sua empresa entrega work life balance para os seus colaboradores?

Texto por: Thuany Gibertini

Os colaboradores da sua empresa possuem equilíbrio entre vida profissional e pessoal? Nos últimos tempos temas como work life balance, saúde mental e bem-estar entraram em pauta no mercado de trabalho. 

E essas pautas que podem parecer terem surgido agora, começaram a ser testadas e comprovadas séculos atrás. 

A ideia do sábado e domingo como dias para descanso, por exemplo, começa na revolução industrial quando a Ford implementou um regime de trabalho de cinco dias úteis, oito horas de trabalho e dois dias de folga aos finais de semana. 

A indústria percebeu que esse descanso e mais horas de sono tornam os funcionários mais produtivos e reduziram o absenteísmo. 

Hoje muitas empresas apresentam regimes de trabalho semelhantes ao da Ford da época da revolução industrial, algumas outras demandam mais ou menos horas do colaborador. 

Neste artigo vamos mostrar os principais motivos para a sua organização olhar com mais atenção para o work life balance dos seus colaboradores.

Será que os trabalhadores do século XXI têm mais tempo para a vida pessoal que os do século XIX? 

Em 1931, o economista John Keynes, publicou o ensaio “Possibilidades Econômicas para Nossos Netos” em que afirmava que no futuro a semana de trabalho teria apenas 15 horas.

Segundo o economista, essa redução se daria pela evolução da tecnologia. E, assim, poderíamos dedicar o restante do tempo com lazer e arte. Entretanto, em 2014 nos Estados Unidos a semana média era de 47 horas.

Em um artigo publicado no Towards Data Science, George Li, relembrou a época do ensino médio quando um professor pediu a turma que escolhesse entre cinco opções de trabalho de acordo com o salário anual e as horas de trabalho por semana:

  1. Trabalhar 40 horas por semana com um salário anual de $40.000
  2. Trabalhar 50 horas por semana com um salário anual de $50.000
  3. Trabalhar 60 horas por semana com um salário anual de $60.000
  4. Trabalhar 70 horas por semana com um salário anual de $70.000
  5. Trabalhar 80 horas por semana com um salário anual de $80.000

Li conta que na época escolheu a última opção, pensando no salário que te proporcionaria comprar mais coisas. Apesar de hoje a quinta opção ainda o atrair, ele começou a pensar mais sobre o quanto custa ganhar mais dinheiro no sentido de tempo.

Então, ele decidiu fazer uma pesquisa, recrutou 411 pessoas, 260 mulheres e 151 homens. A partir disso ele chegou em algumas conclusões:

  • a maioria das pessoas, solteiras ou casadas, preferem trabalhar 40 ou 50 horas ganhando 40 ou 50 mil doláres;
  • pessoas mais jovens estavam mais dispostas a trabalhar mais, 31,1% das pessoas de 20 a 39 anos escolheram trabalhar mais de 60 horas por semana;
  • porém, quando as pessoas da mesma faixa etária são convidada a traçar um cenário em que estão casadas, o número de optantes por empregos de mais de 60 horas / semana caiu para 25,2%;
  • Mais homens preferiram trabalhar mais de 60 horas por semana do que mulheres, independentemente de serem solteiros (32,4% dos homens vs. 21,3% das mulheres) ou casados ​​(29,2% dos homens vs. 18,2% das mulheres);
  • as mulheres, de maneira geral, mantiveram suas preferências profissionais mesmo casadas, enquanto os homens passaram a trabalhar mais.

Independente dos diferentes cenários apresentados pela pesquisa da George Li, conseguimos enxergar que as pessoas possuem interesses diferentes. Mas será que as empresas estão preparadas para atender diferentes pessoas?

Work Life Balance é questão de saúde para o colaborador e resultado para a organização

O bem-estar do colaborador também está ligado ao work life balance, à medida que ele tem tempo para cuidar da saúde física, mental e de proporcionar lazer e descanso para si.

Segundo um Artigo do Great Place To Work, estudos comprovam que os conflitos entre trabalho e família impactam negativamente os resultados de uma empresa, por exemplo:

— aumento dos riscos de saúde sobretudo dos colaboradores com filhos, diminuição da produtividade, aumento do absentismo, da rotatividade, da fadiga, do stresse, diminuição da saúde mental e redução da satisfação com a vida em geral.

E o contrário também se mostra verdade no estudo Best Workplaces de 2019 do Great Place To Work, que aponta como segundo principal motivo para a retenção de colaboradores o equilíbrio de vida.

Como promover o Work Life Balance em uma empresa?

Nós não temos todas as respostas e muitas vezes nem mesmo a empresa e seus líderes têm. Contudo, existem algumas medidas que podem ajudar a promover o work life balance nas organizações, a primeira delas é a flexibilização dos horários e da forma de trabalho.

Permitir que o colaborador trabalhe de casa alguns dias da semana ou desburocratizar horários de entrada e saída podem ajudar nessa missão de dar mais tempo para a vida pessoal. Assim, tarefas simples como um jantar em família ou buscar o filho na escola ficam mais fáceis.

Outra medida interessante é oferecer serviços de apoio à vida familiar e prestação de cuidados para dependentes. Assim, a empresa pode estender os cuidados ao núcleo familiar.

Além disso, o acompanhamento e acolhimento do colaborador são essenciais para caso necessário oferecer uma licença ou outra forma de afastamento. 

Lembrando que todo esse investimento é devolvido em forma de produtividade e lucro para organização. Não é uma questão apenas de empatia, é uma aplicação em sucesso.

Afinal, o que é produtividade?

É sempre importante lembrar que trabalhar mais não necessariamente significa mais produtividade e entrega. Entender as necessidades de diferentes colaboradores e investir no seu bem-estar, como vimos, é lucrativo.

Work Life Balance não é só uma expressão do momento, deve ser mais uma das questões em que a empresa deve se debruçar e uma constante pauta na rotina do RH.

E o People Analytics pode ajudar a promover o Work Life Balance?

Mesmo com um fit cultural extremamente elaborado e bem aplicado no processo seletivo, toda empresa ainda vai ter pessoas que pensam de maneira diversa. E é muito importante saber lidar e utilizar esse ativo da melhor forma possível.

Como já dito, nós e as próprias empresas não temos todas as respostas. Mas os dados podem apontar várias dessas respostas que não enxergamos “a olho nu”.

Por exemplo, pode apontar que vários homens ficam menos produtivos no final da gravidez de suas esposas e no início da vida dos seus filhos e comparando com empresas que oferecem uma licença-paterinidade maior. Indicando que talvez seja positivo aumentar o tempo dessa licença.

Além disso, pode medir diferentes âmbitos da rotina do trabalhador como a própria produtividade em diferentes momentos e contextos, faltas e até mesmo a probabilidade de uma pessoa pedir demissão.

Sendo assim, o people analytics pode sim iluminar diferentes questões que podem apontar para uma falta ou um bom estabelecimento do work life balance na sua organização.

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